
Viva o Dia Nacional de Furar a Fila, braziiiiil! Já era tempo dessa secular tradição da família brasileira ter um dia só pra ela.
Com a população toda imunizada contra o vírus letal da realidade pela vacina BBB distribuída gratuitamente pela Rede Globo, seus patrocinadores, associados e colaboradores, e os ricos celebrando a legalização da furação de fila pela Câmara Neoliberal dos Deputados, Zé Gotinha se tornou obsoleto, olhou para o lado, meio atordoado e perdeu o lugar na fila. Sem emprego, juntou-se aos quase 15 milhões de brasileiros. Sem direitos trabalhistas, revoltado e com fome, Zé Gotinha fez um tuíte criticando o imobilismo dos brasileiros diante das mais de 330 mil vítimas por covid-19 no país, 4.195 no dia de ontem, acreditando que seria ouvido pelo povo que tanto lhe rendeu carinho e admiração durante décadas, mas foi ignorado, atacado, cancelado e sofreu um verdadeiro linchamento – a gente descolada ainda estava em clima de malhação de Judas no país da tortura seletiva e da lacração oportunista – e foi enforcado em um poste na Faria Lima pelas mãos invisíveis do mercado, amém.
Morreu na contramão atrapalhando o privatizado.