Papel espiritual na educação

Mesmo com toda a tecnologia empregada na separação de resíduos orgânicos de recicláveis, tem sido difícil para o lixo da história conseguir determinar quem é o mais desprezível dos integrantes do governo do abjetíssimo presidente Jair Bolsonaro, ele próprio uma sujidade inclassificável, taoquei.

No páreo, o ministro pastor da educação, Milton Ribeiro, que, para não perder lugar na fila de distribuição de latas de leite condensado e chicletes, deu as caras abrindo sua santa boca suja para, de uma só vez, ferir o estado laico e reincidir em crime de homofobia. Dessa vez, segundo o Correio Braziliense, Ribeiro afirmou em um culto que seu papel na educação é “mais espiritual do que político”, e seguiu “…nós queremos tirar o Brasil de um rumo de desastre, em que valores como família… criação de filhos, o que é certo, o que é errado, pudessem ser novamente restabelecidos. A Bíblia diz que haveria um tempo em que as pessoas iriam chamar o que é errado de certo, e o que é certo de errado”. Errado é cuspir na Constituição Federal. Errado é ter a bíblia – livro sagrado apenas para quem pratica a fé cristã, bastião ilibado onde se depositou por mais de um milênio, com requintes de crueldade, muito sangue, assassinato, escravidão e preconceito em nome de um deus que pregou o amor e foi torturado e morto duas mil e vinte uma vezes por seus fiéis –, como opúsculo condutor de uma sociedade admiravelmente diversa e complexa como a nossa, sendo o livro em questão, na verdade, um repositório de leis escritas por homens de índole questionável em benefício próprio, pfiu, pfiu.

Pra dar mais volume a sua coprolalia fedorenta, o ministro diz estar de consciência tranquila quanto ao processo que tramita no STF que o acusa de homofobia por ter afirmado que “homossexualismo… é fruto de famílias desajustadas”: “…meu coração está tranquilo… porque não fui chamado no STF para responder por desvio de dinheiro, nem por coisas erradas, mas porque eu disse o que a Bíblia diz e ponto final”, declarou Ribeiro, com toda a fátua soberba comum aos fascistas, aleluiamém.

O Estado é laico. Homofobia é crime. Fascismo se destrói.