
O ano era o longínquo 2019 e a recém empossada ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, declarava em festa que o Brasil entrava em uma nova era e que “menino veste azul, menina veste rosa”. Havia ainda a promessa de o imprestabilíssimo presidente da república das revoluções sabadescas, Jair Bolsonaro, indicar para uma das vagas do STF um ministro terrivelmente evangélico, taoquei.
O ano é 2021, meninos não vestem azul, meninas não vestem rosa, embora, de lá pra cá, os Direitos Humanos de Damares sirvam apenas para aqueles e aquelas que seus olhos torpes enxerguem usando tais cores de acordo com a ordem divina. De lá pra cá, os índices de feminicídio e toda sorte de violência contra a mulher, esse corpo que menstrua e amamenta e carrega bandeiras e cruzes enfiadas a esmo nas costas, e à comunidade LGBT+ – além do racismo, e dos ataques à indígenas, quilombolas e movimentos sociais, do capacitismo -, crescem vertiginosamente, escondidos por detrás da branca cortina de fumaça da fogueira que as mídias golpistas entreguistas ajudaram a acender e hoje fazem de conta que não têm nada a ver com isso, plim, plim.
O ano é 2021 e a primeira-dama do brazil, Hey Michelle – que desviou milhões de reais destinados à compra de testes de covid-19 para ongs evangélicas antiaborto – comemora muito entusiasmadamente a aprovação pelo Senado Federal, após meses de birra e encenação republicanas, do prometido ministro terrivelmente evangélico, André Améndonça, que dedicou a aprovação aos seus correligionários afirmando que era “um grande passo para um homem, um salto para os evangélicos”, aleluiamém!
Não é inclusão como se quer fazer crer. Nunca foram excluídos. É projeto de poder. É expansão territorial. É guerra entre o bem e o mal. E qualquer um que não envergue o uniforme azul para meninos e rosa para meninas, é inimigo mortal, pfiu, pfiu.
Adeus Estado Laico. Adeus Estado Democrático de Direito.
O projeto galopa sem obstrução, com ou sem Bolsonaro, pois é essa a vontade do patrão, amém.

Obrigado!