
Segundo o IBGE, cerca de 54% da população brasileira é negra. Onze anos atrás, esse número era de pouco mais de 7%, sendo os outros 47% de pardos. Sinal de que tomar consciência de si, de sua história, olhar-se num espelho e compreender-se no reflexo ali em frente como parte de um todo é um poderoso instrumento capaz de mudar a realidade coletiva.
Há dez anos, o Dia da Consciência Negra é oficialmente celebrado no Brasil em memória de Zumbi dos Palmares e tudo o que representa sua luta e de seus companheiros e companheiras de quilombo contra o sistema escravista. Não é mera coincidência. É política, é direito, é justiça, é educação, é cultura, é história, é resgate, é respeito, é enfrentamento, é amor pelo outro, amor pela vida de todas e todos, igualmente.
É tudo o que o racismo quer destruir diariamente; tudo o que quer controlar através da falácia da democracia racial e da inebriante cultura do topo.
Que o Dia da Consciência Negra torne cada vez mais conscientes homens negros e mulheres negras que, diante da realidade racista que há mais de 500 anos os usa, abusa, tortura, escraviza, trafica, objetifica, corrompe, entorpece, descarta, apaga, desmembra, aparta, mata, levados a crer que são a minoria mesmo quando o que os olhos enxergam ao redor seja diferente disso. Que o Dia da Consciência Negra mostre quem é a maioria e lembre que cada punho cerrado erguido em sinal de resistência, de luta pela vida, pela história, de amor pela liberdade no dia de hoje é uma multidão de Dandaras, de Zumbis, um imenso e poderoso Quilombo dos Palmares.

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