
Incapaz de fazer outra coisa senão empestear o ar com suas ameaças vazias e nauseabundas, o fraudulentíssimo presidente da república dos e daís, Jair Bolsonaro, declarou que na semana que vem vai provar que há fraude na urna eletrônica, engodo que vem requentando – para delírio da claque fedorenta e suas multiplorgasmáticas teorias de qonspiração –, desde que foi eleito em 2018 pelo mesmo dispositivo e processo eleitoral que o elegeu em praticamente todos os pleitos em que concorreu nos últimos 30 anos, taoquei.
O que ninguém sabe, e que nossa equipe assaz perspicaz traz em primeira mão, é que, na verdade, se trata do lançamento de uma nova modalidade de urna, a fralda eleitoral. Nela, será possível depositar seu limpinho e cheiroso voto de cidadão de bem, liberália na economia e conservadora-re-ri-ro-ru nos costumes, enquanto seu candidato predileto caminha pelas ruas da cidade vomitando seu coprolixo discurso em nome da honra, da honestidade, da fé, da moral, da liberdade de consumo e de deus acima de tudo, amém.
É muita praticidade num só voto para o eleitor que gosta de lavar a alma com o sangue, a fome, a miséria, o racismo, o feminicídio, a lgbtfobia, o ecocídio, enfim, a desgraça alheia embalada no melhor do fascismo, sem ter que sujar as mãos – talvez um pouco, pois a fralda apresenta ainda alguns problemas de vazamento –. E tem mais: a fralda eleitoral é auditável, tudo feito com os mais altos níveis de transparência e milicianismo higienista, pfiu, pfiu.
Mais fácil isso virar realidade do que a esquerda derrubar esse governo fazendo manifestação verde-amarela de fim de semana.
Somos uma piada ruim.

Obrigado!