Necroliberal

Paulo Guedes, o ministro da economia dos ricos, está incomodado. Não bastasse a festa danada de empregadas domésticas indo pra Disney e os pobres destruindo o meio ambiente para comer, agora “…todo mundo quer viver 100 anos, 120, 130…”, um absurdo isso daí, taoquei.

Para Guedes, o avanço da medicina, que aumentou a expectativa do brasileiro, e o direito à vida são um problema para a economia, pois “não há capacidade de investimento para que o Estado consiga acompanhar” e esse é o motivo porque estamos quebrados. Ora, a economia estaria de vento em popa se não estivéssemos vivos para atrapalhar seu doce caminho pelas pradarias verdejantes da sonhada neoliberalândia.

Guedes goza… da cara da classe trabalhadora, tratando a todas e todos como castas inferiores, réles mão de obra, descartáveis, às vezes reaproveitáveis, sempre substituíveis, dignos de um punhado de direitos, anunciados como privilégios concedidos graças ao bom coração dos ricos empresários, divinos integrantes das classes superiores. Guedes é a cara da elite eugenista, branca e racista que empesteia o país com sua arrogância perfumada, seu sorriso branco e sua invisível mão ladina.

Guedes goza… da proteção dos maestros do golpe, foi o escolhido para abrir garantir a pilhagem, para a rapina desenfreada. Prometeu privatizações e lucro e o Congresso já colocou a mão na massa para entregar tudo no prazo, embalado, limpinho e cheiroso. A CPI da Covid veio em boa hora pra tirar o mau olhado de cima das pautas que incomodam a esquerda lacradora e passar a boiada, pfiu, pfiu.

Guedes não tem pudores, se lambuza com seu ego flatulento na desgraça alheia; sua pança abarrotada do lixo vira-lata que o nutre se espalha, convulsiona e impele o esgoto jorrado pela boca espumosa, hidrofóbica. Guedes goza das virtudes próprias dos canalhas, dos patifes adoradores do necroliberalismo, concedidas pelo invisível deus glutão da liberália genocida, amém.

Somos uma piada de mau gosto.