
A luz do dia não poderia ser mais clara. Não há nuvens, um céu de brigadeiro, perfeito para o salto que abrirá caminho para o impedimento da continuidade dos dias tenebrosos que assolam o país. Escalando o céu anil, o sol brilha radiante como se vestisse ele próprio o manto virginal da esperança. Lá vão os heróis da nação mergulhando em direção à vitória certa contra o mal maior, unidos por um desejo em comum. Deixaram para trás as rusgas e as más escolhas. Todos juntos num salto no infinito. Cegados pela luz que inunda o céu, não percebem ao seu lado 23 nuvens que rapidamente interrompem a visão confundem, distorcem, desorientam, desarranjam a formação outrora coesa, inflexível, implacável.
O imprestabilíssimo presidente da república dos e daís declara não estar preocupado com a CPI da Pandemia instaurada hoje no Senado Federal. Ora, ele já tem sua defesa ensaiada para criar o caos, desvirtuar os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito e, se possível, lhe dar motivos para justificar o uso das Forças Armadas contra o Legislativo e o Judiciário, como vem ameaçando desde janeiro de 2019, taoquei.
Ao listar 23 acusações feitas ao governo federal que devem ser abordadas pela CPI e que foram distribuídas entre os ministérios, Bolsonaro dá a impressão de que está dando de bandeja sua própria condenação, quando, na verdade, está criando camadas e mais camadas de cortinas de fumaça que vão tirar a atenção de tudo e de todos das ações nefastas do golpe na Câmara dos Deputados, sendo a privatização dos Correios uma delas. É o tipo de situação confortável para Bolsonaro, um lugar onde ele e seus comparsas farão de tudo para causar distúrbios enquanto o golpe passa a boiada, pfiu, pfiu.
O general paraquedista Pazuello – que talvez tenha sido treinado nas mais árduas condições dignas de ditaduras militares – será responsabilizado pelo desastre na condução da pandemia e lançado em queda livre, sua especialidade, no meio da turba de olhos sangrentos sedenta por vingança e acalmar os ânimos enquanto o golpe galopa imponente pelas veredas verdejantes da colônia lacradora brasilis, amém.
Só não esquece a máscara, brazil.