
Foi condenado a 40 anos de prisão por um júri popular o policial que assassinou por asfixia George Floyd, nos EUA, caso que revoltou o mundo todo e levou os norte-americanos às ruas, em plena pandemia, em inúmeros protestos contra a violência policial e o racismo naquele país.
Aqui, onde está o júri popular que vai condenar o Carrefour – não a empresa de segurança ou seus seguranças, não a gerente da loja – pelo brutal assassinato de João Alberto, na véspera do Dia da Consciência Negra de 2020, no estacionamento de uma de suas lojas em Porto Alegre?
Enquanto discutia-se BBBs, paredões e toda sorte de superficialidades liberaloides superlativados pela capacidade de fazer lucro e produzir lacração, o Carrefour ofereceu acordo de 1 milhão de reais para a esposa de João Alberto, o mesmo valor oferecido como indenização pela morte do cachorro em uma de suas lojas em Osasco perpetrada pelas mãos de um de seus seguranças. Parece que o requisito para se conseguir um contrato com a bilionária francesa é matar o que incomodar aos olhos. Para o Carrefour, a vida de João Alberto vale o mesmo que a de um cão. Sua viúva recusou. Mesmo que aceite 100 milhões nunca terá João Alberto de volta e o racismo seguirá firme e forte, talvez um pouco mais cauteloso e discreto em suas manifestações públicas.
Por isso, eis uma singela sugestão de consumo da indignação – por vezes seletiva – distribuída gratuitamente no país desde tempos idos. Use sem moderação.
Carrefour assassino.
Racismo é crime. Vidas negras importam.
Não existe capitalismo sem racismo.