Eis, mais uma vez, minha crítica social foda ao cu na mão do embosteladíssimo presidente da república, Jair Bolsonaro, após o Senado ter aprovado a abertura da CPI da Covid. Em meio à tentativa de escandalizar mais do que os escandalosos 358 mil mortos por covid-19 e toda a desastrosa e negacionista condução no combate ao novo coronavírus no país, fazendo-se de vítima, de traído e, como declarou outro dia, de único garantidor da democracia, Bolsonaro procura motivos para convocar as Forças Armadas, ameaçando, dia sim, dia não, o STF e o Congresso com um golpe militar, certo de que a população está do seu lado, taoquei.
Difícil afirmar se essa CPI fará algum bem de fato ao país nesse momento dramático em que cerca de 4 mil pessoas morrem por dia e deveríamos estar vacinando e cuidando das pessoas, não lutando diariamente contra um imbecil genocida sentado na cadeira da presidência da república, ou se se aprofundará ainda mais o buraco em que estamos enfiados por que queremos um culpado para aliviarmos o peso de nossa própria responsabilidade, e tirar o cu na reta, amém.
Vale sempre lembrar que CPIs, como processos de impeachment, são mecanismos políticos e, por natureza, sofrem a influência direta dos atores políticos das casas onde esses atuam, muito pouco ou quase nada de agentes externos como o povo, por exemplo, graças às décadas de doutrinação antipolítica com a qual fomos caninamente domesticados. Como bem sabemos, temos o Congresso Nacional mais conservador e alinhado com os interesses das elites e do mercado de todos os tempos, sinal de que, se for do interesse do golpe, fica tudo como está, com Bolsonaro, com tudo.
