
A oportunidade faz o ladrão. E o Centrão se aproveitou de um escândalo envolvendo gestos manuais para emplacar a saída do Cavaleiro Templário da Grã-Ordem dos Abestalhados da Terra Plana, Ernesto Araújo. Olavista convicto, Araújo se mantinha no governo do excrementíssimo presidente Jair Bolsonaro como um dos poucos abençoados pelo guru da imbeciologia, Olavo de Carvalho. Há meses Bolsonaro sofre pressão para demiti-lo, mas a gota d’água foi um de seus assessores supostamente fazer um gesto identificado como supremacista branco em frente as câmeras durante reunião do Senado, denunciado imediatamente pelo Senador Randolfe Rodrigues como um gesto obsceno, criando todo um escarcéu abarrotado de notas de repúdio e indignação seletiva. Sinal de arminha com a mão pode, taoquei.
A despeito do fato de Ernesto ter sido denunciado por boicotar a entrada do Brasil no consórcio Covax-Facility para distribuição de vacinas contra o covid-19, o que abalou a estadia do chanceler na pasta foi a pressão para Bolsonaro ceder uma das mais cobiçadas cadeiras do governo federal ao Centrão a qual o mandatário bufão se recusava a ceder. Acredita que Bolsonaro deu Ernesto de bandeja para ser malhado por causa de sua imensa responsabilidade nos atritos entre Brasil e China desde o início de seu mandato e mais toda a coleção de estultícias perpetradas pelo audaz paladino, apenas quem acredita que o Centrão tem interesse em livrar o país das ameaças bolsonaristas. Ora, por que então não atua contra a ministra Damares e sua empreitada fundamentalista? Por que não pede as cabeças de Ricardo Salles, Paulo Guedes e Tereza Cristina? Ora, porque esses estão fazendo o que foi combinado no golpe, digo, no acordo com as elites eugenistas e o mercado financeiro cuja mão invisível adora dar tapinhas nas costas de Guedes. A bancada da Bíblia louva Damares. As bancadas da bala e do boi amam Salles e Tereza Cristina, pfiu, pfiu.
O que estamos testemunhando é a política necroliberal mostrando que há meios de se governar bem piores que o que ela propõe, nos fazendo crer que qualquer coisa é melhor que Bolsonaro, nos fazendo implorar por sua intervenção divina, com supremo, com tudo, amém.