
Em mais um dia de tristeza em que registramos mais de dois mil e duzentos mortos, em 24 horas consecutivas, vítimas de covid-19, nos elevando ao patamar de primeiro país em mortes diárias no planeta redondo, o execrabilíssimo presidente Jair Bolsonaro, representante maior dos cidadãos de bem que se entupiram de cloroquina e agora furam a fila da vacina e depois rezam seu pai nosso e ave maria com a cabeça bem tranquila no travesseiro, afirmou ser o garantidor da democracia no país, ameaçando a nação com um golpe militar em plena pandemia, “ah, como é fácil impôr uma ditadura no Brasil”, sentindo-se claramente ameaçado pela liberdade de Lula, usando as Forças Armadas como seu brinquedinho empoeirado, tripudiando da dor de todas e todos que foram vítimas do período mais sombrio de nossa história e demais de 270 mil famílias, afirmando que seus inimigos usam o vírus para “…te oprimir, humilhar, para tentar quebrar a economia…”, uma sucessão infinita de e daís com o consentimento incondicional da elite eugenista e do mercado financeiro sob a conveniência vira-lata da classe média, em mais uma demonstração escancarada de total desprezo pela vida alheia, taoquei.
Até quando ficaremos contemplando Bolsonaro a banhar-se alegremente com nosso sangue, com nossas vidas, com nossa fome? Quando é que nossa existência será ferida o suficiente para nos levantarmos para sermos resistência?
Somos cúmplices de nosso próprio genocídio.
Ilustração inspirada em cena do filme O som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho.