
1568 vítimas fatais de covid-19 hoje. 1910 ontem, 1726 anteontem, mais de 260 mil mortos em um ano do novo coronavírus no país que arduamente galgou o patamar de novo epicentro da pandemia no mundo, graças ao negacionismo conveniente de quem preferiu arriscar a própria vida e a vida alheia para curtir os feriados, as festas de fim de ano, as férias de verão, o carnaval clandestino, todas as regalias de uma sociedade hedonista e individualista conduzida por um fascista feito imagem e semelhança de quem o elegeu direta e indiretamente – sempre incluídos nesse pacote putrefato a isentália limpinha cheirosa e as-es-is-os-us arrependidas-des-dis-dos-dus que farão tudo de novo, amém.
Com aprovação de 46,3%, o entulhíssimo presidente Jair Bolsonaro inflou o peito fátuo e atacou hoje a tarde, em um discurso em Goiás, as medidas de enfrentamento à pandemia, como o isolamento social, o uso de máscaras, etc.: “chega de frescura, de mimimi, vamos ficar chorando até quando?”. Ora, para não parecer um disco riscado, não deitaremos sobre este ecrã os argumentos e protestos que vêm sendo registrados há mais de um ano, exaustivamente, contra as críticas do mandatário bufão às medidas de proteção e a sua sanha assassina anuída pela elite eugenista, o mercado financeiro, a classe média vira-lata, o Congresso, o Judiciário, a mídia golpista, etc. No entanto, no tocante à porção final da cuestão defecada por Bolsonaro para deleite de sua súcia coprofágica, assombra o gigantesco, o colossal, o galáctico “até quando?”. Até quando vamos ver mais de mil pessoas morrerem por dia e bater panela e apertar buzina em fim de semana ensolarado? Até quando vamos nos deslumbrar com propaganda descoladers na Paulista enquanto na periferia e nos rincões mais distantes pessoas estão morrendo de fome, sendo despejadas? Até quando a esquerda vai se estapear entre si para atrair a atenção da classe média que vai lhe puxar o tapete? Até quando a gasolina e o dólar serão mais importantes que vacinas, oxigênio, comida, vidas?
46,3% genocidas. 53,7% cumplices.