
E daí que surpreender-se com o desprezo à vida de uma pessoa que, certa vez, afirmou que sua especialidade é matar, que a ditadura matou pouco, um ser que homenageia em plenário o torturador de uma presidenta, que proclamou que não estupraria uma deputada federal porque ela não merecia e que se elegeu fazendo arminha pfiu-pfiu com as mãos, e que todos os dias dispara disparates venenosos 99,9% das vezes que abre a boca, é, com o perdão da sinceridade, muita ingenuidade.
Lógico que choca. É inconcebível! O que se espera de um presidente da república é o mínimo de respeito com as pessoas – inclusive muitas de seu rançoso eleitorado – que perderam suas vidas e com aquelas que perderam seus entes queridos na pandemia do coronavírus. Mas quando se trata do abjeto Jair Bolsonaro… escandalizar-se com mais um de seus arrotos fedidos? Isso é modus operandi. Sua grei se racha de rir. Ele empapuça o ego e já está preparado pra próxima, enquanto do lado de cá, os graves, gravésimos, gravississérimos se multiplicam infinitamente.
Seria diferente sem a pandemia? Não. Pergunte aos indígenas. Pergunte aos sem-terra. Pergunte aos sem-teto. Pergunte às mulheres vítimas de violência doméstica e de tentativas de feminicídio. Pergunte às lgbts. Pergunte aos negros e negras. Pergunte se seria diferente. Não seria. E seria tão absurdo quanto é agora.
E daí? E daí que esse homem abominável está no poder e foi colocado lá por 57,8 milhões de “e daí” e outros 42,4 milhões de “tô nem aí”. Não cabe espanto. Cabe impedimento. Cabe dar um ponto final.
Basta desta besta!